quarta-feira, 6 de abril de 2011

Paradigma da complexidade


Edgar Morin

A leitura do artigo de Boaventura propiciou a lembrança de um pesquisador que tem abordado o tema da emergência de um novo paradigma de modo bastante intenso. Trata-se de Edgar Morin, antropólogo, sociólogo e filósofo francês, autor de vários livros muito difundidos na atualidade, como Os sete saberes necessários à educação do futuro e Ciência com Consciência. Assim como Boaventura, Morin discute a crise do paradigma fundamentado na racionalidade científica da modernidade, apresenta sua concepção do paradigma da complexidade, discute suas características e defende a ideia de que possivelmente estamos vivenciando um período de transição norteado pela emergência desse novo paradigma.  Vale a pena conhecermos alguns trechos do livro Ciência com Consciência (Bertrand Brasil, 1998) uma vez que as ideias de Morin dialogam com as ideias de Boaventura em busca da configuração do paradigma necessário ao nosso tempo.

“O desafio da complexidade nos faz renunciar para sempre ao mito da elucidação total do universo, mas nos encoraja a prosseguir na aventura do conhecimento que é o diálogo com o universo. O diálogo com o universo é a própria racionalidade. Acreditamos que a razão humana deveria eliminar tudo o que é irracionalizável, ou seja, a eventualidade, a desordem, a contradição, a fim de encerrar o real dentro de uma estrutura de ideias coerentes, teoria ou ideologia. Acontece que a realidade transborda de todos os lados de nossas estruturas mentais.(p.191/192)

 (...)

O objetivo do conhecimento é abrir o diálogo com o universo, não só resgatando dele o que pode ser determinado claramente, com precisão e exatidão como as leis da natureza, mas também entrar no jogo do claro-escuro que é o da complexidade. (...)  As grandes unificações (físicas e biológicas) são da maior importância mas não são suficientes para conceber a extraordinária diversidade dos fenômenos e o devir aleatório do mundo. O conhecimento complexo permite avançar no mundo concreto e real dos fenômenos.(p.191)

(...)

O método da complexidade pede para pensarmos nos conceitos, sem nunca dá-los por concluídos, para quebrarmos as esferas fechadas, para reestabelecermos as articulações entre o que foi separado (...) a complexidade é a junção de conceitos que lutam entre si. (...) A complexidade é difícil; quando você vivencia um conflito interno, esse conflito pode ser trágico; não foi por acaso que grandes mentes beiraram a loucura. (...)  Deve-se conviver com essa complexidade, com esse conflito, tentando não sucumbir e não se abater.” (p. 192).



http://www.4shared.com/get/VYFwMScg/MORIN_Edgar_Cincia_com_conscin.html


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